sexta-feira, junho 24
Os Paralamas do Sucesso
Três rapazes de classe média que tinham em comum o amor pelo rock e pelo reggae/ska – Herbert Vianna, Bi Ribeiro e João Barone – formaram Os Paralamas do Sucesso no início dos anos 80 inspirados pela sonoridade de grupos como The Police, The Beat e The Specials, que reciclavam os ritmos criados na Jamaica. Impulsionados pelo talento e pelo interesse no nascente fenômeno do Rock Brasil, logo gravaram o primeiro LP “Cinema Mudo” (83) e estouraram com músicas como “Vital e Sua Moto” e “Patrulha Noturna”.
O segundo LP, “O Passo do Lui” (84), consolidou a arrancada inicial com os sucessos “Óculos”, “Ska” e “Meu Erro” e, na apresentação no Rock in Rio em janeiro de 1985, saíram consagrados em dois shows sem direito a truques cênicos, apenas pela força de sua música. Depois de correr o Brasil em mais de 150 shows, os Paralamas fizeram uma parada e lançaram o revolucionário “Selvagem?” (86), que deu novos rumos à geração 80 do Rock Brasil.
Abandonaram as primeiras influências e começaram a moldar uma sonoridade pessoal reconhecida e aprovada pelos jovens que compraram mais de 750 mil cópias do disco. Em “Selvagem?”, críticas sociais (“Alagados”) e políticas (“Selvagem”) conviviam com bom humor (“Melô do Marinheiro”), um tributo ao mestre Tim Maia (“Você”) e uma parceria com Gilberto Gil (“A novidade”).
Nesta época fizeram as primeiras incursões pela América Latina, iniciando um trabalho que os levaria a ser o nome mais reconhecido da música brasileira na década de 90 em países como Argentina, Chile, Uruguai e Venezuela. O sucesso de “Selvagem?” também os credenciou a serem os primeiros de sua geração a participar do festival de Montreux, em 1987, quando aproveitaram para fazer também uma apresentação no Olympia de Paris. No ano seguinte, “Bora Bora” estourou os sucessos “O Beco”, “Uns Dias” e “Quase um Segundo”, ampliou o leque de influências e acrescentou sopros ao som dos Paralamas.
O LP seguinte, “Big Bang” (89) consolidaria o novo formato sonoro em canções empolgantes como “Perplexo” e líricas como “Lanterna dos Afogados” e a new bossa “Nebulosa do Amor”.
Para virar a década, o trio lançou a coletânea “Arquivo” com os sucessos dos anos 80, com direito a uma regravação do primeiro hit, “Vital e Sua Moto” e a inédita “Caleidoscópio”.
(Trecho da biografia retirada do site oficial da banda. Texto de Jamari França)
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FUI EU
Os Paralamas do Sucesso
Os pés descalços queimando no asfalto
Os carros passam - vem e vão
Eu dobro a esquina
Eu vou na onda
Pego carona na multidão
Você olhou, fez que não me viu
Virou de lado, acenou com a mão
Pegou um táxi, entrou sumiu
Deixou o resto de mim no chão
Vai ver que a confusão
Fui eu que fiz
Fui eu
Há algo errado no paraíso
É muito mais que contradição
Sou eu caindo num precipício
Você passando num avião
Você olhou, fez que não me viu
Foi como se eu não estivesse ali
Desligou a luz, deitou, dormiu
Nem pensou em se divertir
Vai ver que a confusão
Fui eu que fiz
Fui eu